Laços da maternidade: o equilíbrio entre o ser mulher, trabalhadora da saúde e mãe

9 de maio de 2024 - 10:53 # # # # # #

Assessoria de Comunicação do Samu Ceará/HM/HRVJ
Texto: Fátima Holanda, Jessica Fortes e Joelton Barboza
Fotos: Arquivo Pessoal/ Jessica Fortes/ Arquivo Pessoal
Arte gráfica: Iza Machado
Edição: Ariane Cajazeiros

Profissional do Samu 192 Ceará conta como é ser mãe e gerenciar uma Base Polo

Na semana que antecede o Dia das Mães, comemorado no próximo domingo (12), a Saúde do Ceará, por meio de uma série de reportagens, explora a força e a beleza dos laços que as unem aos filhos, transcendendo os desafios e celebrando essa jornada única. Na quarta reportagem, você confere trabalhadoras da Saúde do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) Ceará e do Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ) que têm o desafio de conciliar carreira e maternidade. E ainda: mãe e filha dividem o amor pela Enfermagem e apóiam o trabalho uma da outra no Hospital de Messejana (HM).

A gerente de Base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) Ceará, Lindaiana Sá, trabalha no local há quase dois anos, onde administra a Base Polo de Canindé. A profissional tem uma filha de quatro anos, Maria Luísa, que é seu chamego.

Ela também precisa conciliar a rotina de ser mãe e trabalhar. No Samu 192 Ceará, o desafio é que demandas podem surgir no fim de semana e em horários alternativos ao convencional, como no período da noite. A gestora também trabalha em outra  unidade de Saúde em Canindé, o Hospital e Maternidade São Francisco.

“É bem desafiador, na verdade, ser mãe, pois tem que levar a filha para o colégio, dar atenção em casa, levar para passear e, ao mesmo tempo, gerenciar um serviço de saúde com tanta extensão, como é o Samu 192 Ceará”, diz.

A pequena Maria Luísa é o chamego da mãe, Lindaiana Sá

Quem trabalha como gerente de Base Polo precisa gerenciar as atividades dos serviços de Enfermagem, liderar a equipe do serviço de Atendimento Pré-Hospitalar (APH), articular e ministrar ações de educação permanente, dentre outras ações. Além da Base Polo de Canindé, existem mais 19 espalhadas pelo o Estado, além das Bases Satélites, que são bases menores que ficam nos municípios.

A profissional de saúde diz amar o que faz: “é um serviço que eu amo fazer, amo ver realmente o Samu 192 Ceará salvar vidas, e ver que o serviço funciona com muita dedicação”, finaliza.

Mães, mulheres e trabalhadoras da saúde: conheça a história de Fausta e Mirela, mãe e filha, enfermeiras do Hospital de Messejana

Atenção, cuidado, gentileza e dedicação são alguns dos requisitos essenciais para exercer certas profissões. Aqueles que seguem nessas carreiras frequentemente mencionam cansaço, turnos longos e total foco no trabalho para lidar com vários problemas e pessoas ao mesmo tempo. No entanto, mesmo diante dos desafios, sentem que tudo vale a pena. Essa descrição se encaixa perfeitamente também na maternidade. E se ser mãe já é exigente por si só, equilibrar essa responsabilidade com um trabalho na área da saúde demanda doses extras de força, disposição e amor.

No Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), Fausta de Sousa, de 70 anos, e Mirela de Sousa, de 42, compartilham o amor pela Enfermagem, que foi transmitido de mãe para filha.

Mirela, que atualmente trabalha na UTI Coronariana, recorda que aos 19 anos optou por seguir os passos de sua mãe, Fausta, e ingressar na faculdade de Enfermagem. “Quando eu era criança, mesmo sem entender, eu já admirava minha mãe e a maneira como ela falava sobre o trabalho, o cuidado que ela tinha com as pessoas. Naquela época, eu só conseguia contar os plantões, especialmente os dias em que ela estaria em casa comigo e meus irmãos. Cresci testemunhando o seu esforço, sua dedicação, sua independência. Quando chegou a hora de escolher uma carreira, não consegui pensar em outra coisa. Ela nunca me pressionou, mas sem saber, sempre me inspirou”, relembra emocionada.

A filha também realizou seu primeiro estágio no HM, motivada pela proximidade com sua mãe. “Na faculdade, nos deram uma lista de hospitais e eu escolhi o HM, porque minha mãe já trabalhava aqui. Sempre fomos muito unidas, muito amigas”, enfatiza. Vinte anos depois, Mirela comemora sua aprovação no concurso estadual e a oportunidade de seguir os mesmos passos daquela que lhe ensinou tudo. “Deus honrou meu esforço e estou ansiosamente aguardando minha convocação para continuar desempenhando minhas funções, com dedicação e muito amor pelos meus pacientes”, celebra otimista.

Mãe e filha compartilham o amor pela Enfermagem

Fausta trabalha no HM há 45 anos. Tendo passado por diversos setores, atualmente está no Serviço de Pacientes Externos (SPE). Ela relembra com carinho e orgulho os desafios que enfrentou ao longo de sua jornada. “Me considero uma vitoriosa. Foi muito difícil conciliar trabalho, maternidade, cuidar da casa, ser esposa e filha. Quando a Mirela nasceu, eu não tinha experiência, minha mãe me ajudou muito. Eu chegava cansada dos plantões e ainda precisava lavar fraldas, cuidar dela e depois dos outros filhos, que são a maior riqueza da minha vida. Foi um verdadeiro malabarismo para conciliar tudo ao mesmo tempo. Mas hoje, ao vê-los todos crescidos, formados… Eu venci!”, avalia.

Sobre o amor pela profissão e o vínculo dentro e fora de casa, Fausta completa: “Tenho muito orgulho dela, da profissional que ela se tornou. Ela sabe disso, eu sempre digo. É muito gratificante caminhar pelo hospital e ouvir os colegas elogiarem minha filha. Nossa profissão é desafiadora, buscamos reconhecimento, mas também é muito satisfatório poder ajudar, cuidar dos pacientes, ouvi-los. E é maravilhoso poder compartilhar esse sentimento com ela”.

Mirela também se emociona: “Antes de ser a enfermeira Mirela, eu sou filha de Fausta. Fico feliz quando alguém diz que sou a cópia da minha mãe, que minha dedicação lembra a dela aqui. Estou muito feliz em prestar essa homenagem e expressar, olhando para ela, toda minha gratidão e amor”, conclui.

Os desafios das mães multitarefas e gestoras do HRVJ

Mães, enfermeiras, gestoras e recém chegadas da licença-maternidade. Emanuelly Crisóstomo e Lady Rosany são gestoras e atuam como assessora técnica da Qualidade e gerente de Qualidade e Segurança, respectivamente, do Núcleo de Gestão e Segurança do Paciente (Nugesp) do Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), unidade da Sesa em Limoeiro do Norte.

Emanuelly é mãe de Giovanna, de um ano, e de Saulo, de sete anos. Três vezes ao mês, a profissional ainda dá plantão noturno no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) Ceará, tendo uma vida completamente corrida e agitada. Ainda assim, tenta ser uma mãe presente e atuante.

“Ser mãe é a minha melhor versão”

A rotina é intensa e muito bem planejada. Felizmente, ela conta com uma rede de apoio bastante fortalecida. Emanuelly relata que sentiu muita diferença no retorno ao trabalho após a licença-maternidade, quando comparado com a primeira experiência. “No primeiro filho tive que retornar ao trabalho no quarto mês de vida, então eu levava para o trabalho o meu kit de desmame e sempre que eu necessitava, ia para local apropriado para realizar a ordenha e o armazenamento adequado do meu leite”, conta.

Já com Giovanna, o retorno ao trabalho ocorreu sete meses após o nascimento, visto que somou a licença-maternidade, licença lactação e férias. “Tive a oportunidade de acompanhar o início da introdução alimentar, que é uma fase muito importante e delicada para o bebê. Hoje amamento quando chego do trabalho e pela rotina bem implantada de outros alimentos na dieta da minha filha, o meu organismo acostumou a produzir leite materno de forma suficiente, sem me causar nenhum desconforto durante o dia”, explica.

Emanuelly ressalta que a parte mais difícil é sair de casa, pois a bebê não aceita a despedida e fica chamando pela mãe, o que a faz ficar de coração apertado, mas, na certeza que ela está muito bem acompanhada. São muitos desafios para uma mulher que acumula várias versões: mãe, esposa, filha e trabalhadora da saúde. “Mas tudo compensa ao sentir o amor dos nossos filhos. A maternidade foi a minha melhor escolha e ser mãe é a minha melhor versão”, finaliza.

Mãe de primeira viagem

Lady Rosany é mãe do pequeno Théo, de nove meses, seu primeiro filho. Ela conta que a maternidade é um misto de emoções. “A gente amadurece muito com o tempo porque tudo é muito novo e ninguém prepara ou ensina a gente sobre a maternidade. Por mais que as pessoas digam como se sentem, cada experiência é única e, para mim, tem sido mais desafiador porque eu estou longe da minha rede de apoio, em que estamos só eu e meu esposo na cidade”, pondera.

Os momentos juntos são sempre bem aproveitados

Lady lembra que é muito bom  poder ver o desenvolvimento, o crescimento e o aprendizado de um ser humano. “Ele vai entrar na creche, em que será uma nova rotina, com novos desafios e vamos passar por mais essa fase de adaptação”, enfatiza.

Os momentos juntos são sempre bem aproveitados. “Quando eu estou em casa, eu procuro sempre ter um tempo de qualidade com ele, então que a saudade não aperta tanto pois quando estou com ele eu definitivamente deixo de fazer tudo para estar com ele. Voltar ao trabalho depois do afastamento foi bastante desafiador como toda a maternidade porque era um misto de emoções e medos, se ele ia ficar sendo bem cuidado, mas o fato de eu ter conseguido uma pessoa que meu deu esse suporte e segurança, ajudou bastante. A adaptação de ficar distante durante o dia acabou sendo mais fácil para ele também. Estamos super adaptados a essa nova rotina e fase”, diz.

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